A fotossíntese.

é de natureza. ele está entre caminhos. talvez entre trajectórias. Sim. Pelas compensadas definições, trajectórias é a palavra. os ramos de uma árvore são também um natural reflexo da sua alma. torna a coisa reificada. torna-a mais real, mais digna de trabalho analítico. ele põe-se a imaginar uma árvore e pensou que há quatro categorias de ramos de árvores, independentemente das espécies, formas, cores e cheiros. o cume da árvore é a referência. aqui, ele pensa que o cume é sinónimo do sentimento muito pensando pelos poetas e filmes de hollywood. nestas linhas, ele parte do pressuposto que fazer parte do cume da árvore é o objectivo de qualquer ramo de árvore.

categorias fechadas dos ramos de árvores

ramo de árvore # 1:
ramo que, nascendo directamente do tronco da árvore, nos primeiros tempos após ser categorizado pela árvore como ramo independente, estava no bom caminho para se tornar um ramo do cume. seguiu sempre o compasso do tronco – criador de todos os ramos – fortaleceu-se, cresceu; a meio do caminho, deformou, perdeu vigor, afastou-se dos ramos do núcleo da árvore, e tornou-se um ramo dos subúrbios do dito ser vivo em questão. deformou-se por ter achado que o cume da árvore era o seu destino mais que certo. não nos alonguemos mais na justificação da deformação (para descrições aprofundadas, cf. dostoiévski. recomenda-se o idiota). deformou-se de tal maneira que, agora que árvore cresceu, está no fim da hierarquia: faz parte da base da árvore.

ramo de árvore # 2:
ramo que, tal como o ramo # 1, teve sempre todas as oportunidades de se tornar o mais vigoroso ramo da árvore. este ramo teve uma trajectória exemplar; nunca teve adversidades, esteve sempre protegido dos caprichosos do tronco, tempo e da poluição. ao contrário do ramo um, o ramo dois musculou-se e é o principal ramo do cume da árvore. vive bem e é feliz.

ramo de árvore # 3:
ramo que nunca foi uma aposta do tronco para se tornar ramo do cume. era, aliás, desconsiderado pelo tronco. a sua trajectória parecia traçada desde que nasceu: tornar-se um ramo da base, de retaguarda, que só avançaria quando os restantes ramos tivessem sido dizimados por alguma peste ou bicho. raquítico, frágil, secundarizado, no seu início. por ser subalterno, era transparente. na luta diária por espaço entre os ramos (todos querem estar na melhor posição para conseguir a sua hipótese de ser um ramo do cume da árvore), o ramo # 3 foi tão esmagado, mas tão menosprezado, que com o peso dos outros ramos – os tais que estavam na luta pelo cume – conseguiu ficar exposto à luz solar. Foi-se nutrindo, ganhando vigor e espaço entre os demais. o rótulo de secundário que colocara, fez com que o tronco não reparasse na importância que o ramo # 3 assumiu na sustentação da sua árvore. o tronco só se apercebeu do ramo # 3, quando este se juntou ao ramo 2 no cume da árvore. parece que ser transparente foi o seu trunfo.

ramo de árvore # 4:
pouca história há para narrar. Irmão de criação do ramo # 3. não teve o engenho de ficar exposto à luz solar. traçou a sua trajectória: ser ramo de base até morrer. diz-se que são ramos muito bons para os cucos fazerem ninhos.


mas esta árvore tem raízes num parque urbano. vive colada a outras árvores. a vegetação é tão densa que faz com que o tronco de uma árvore pareça (seja?), também, um ramo de outras árvores que vivem nas redondezas. o tronco virou lenha para lareira. ele pensou que isso é tramado.

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